sexta-feira, 26 de novembro de 2010

HISTÓRIA REGIONAL DA INFÂMIA

Por: Prof. Mozart Linhares da Silva
Retirado de: www.mozartls.blogspot.com

Faltava esse livro no Rio Grande do Sul. Não que tudo o que está dito na obra seja novidade, não o é por certo, sobretudo para os historiadores. Mas esse livro de Juremir Machado da Silva, que promete muita polêmica, é, realmente, um bom guia para aqueles que detestam o romantismo tolo e infame dos criadores de mitos sociais. História Regional da Infâmia: o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras (ou como se produzem os imaginários), publicado pela L&PM, trata da desconstrução dos mitos que sustentam o imaginário heroico farroupilha e do próprio tradicionalismo sulista. Livro obrigatório nas bibliotecas das escolas e leitura profícua para os implementadores de políticas educacionais no Estado que, muitas vezes, tratam a história do Rio Grande do Sul ou mesmo o tradicionalismo de forma ingênua e acrítica. É lugar comum entre os pesquisadores profissionais os meandros da criação dos mitos regionais: a invenção do gaúcho, as formas de legitimação das histórias míticas acerca da identidade do sul do Brasil, do açorianismo como traço identitário, a ode e os mitos sobre a inexistência de escravos nas regiões de imigração, a democracia pampiana com sua horizontalidade social e assim por diante. Autores importantes, mas ignorados pela grande mídia e pelos promotores de políticas educacionais,Ruben Oliven, Tau Golin, Mário Maestri, Décio Freitas, entre outros, já apontaram em diversas obras como a história oficialesca do estado tem se comportado frente a temas políticos estratégicos, como é o caso da ancoragem da identidade sulista na Revolução Farroupilha, etc,...

Mas esse livro de Juremir carrega consigo o peso de um autor midiático que é, também, um pesquisador profissional, um acadêmico conhecido e cercado por polêmicas também conhecidas. Desde o começo da leitura do livro algo importante é evidenciado. A Pesquisa é ancorada em fontes documentais precisas, não se trata de um ensaio, mas de um texto bem escrito e lastreado pelo espírito investigativo.

O livro mostra com clareza a corrupção entre os líderes da Revolução Farroupilha, o financiamento da campanha a partir da venda de escravos, as traições, entre muitíssimos outros exemplos. Nada de heróis, pouco espírito republicano, nenhum homem saiu com a moral ilibada do evento. Um evento fratricida, como também o foi a Revolução Federalista de 1893, que nada deveria orgulhar uma sociedade. O mundo real, efetivamente. Tudo isso que deveria ser ensinado nas escolas, mas é subtraído por versões romantizadas e doutrinárias, produzidas por diletantes e ideólogos e, pior, distribuídas gratuitamente nas escolas do Estado e adotadas passivamente nos currículos.

A publicação desse livro de Juremir, no entanto, não significa que a partir de agora as coisas serão diferentes. Penso que a indiferença e a precariedade cultural em que vivemos não nos fará sensíveis a infâmia de nossa História Regional. Penso que continuaremos consumindo e ensinando nas escolas uma História anedótica dos heróis, da tradição e por aí vai, no melhor estilo do fascio, com as louváveis exceções, claro. Rubem Oliven, na obra A parte e o Todo, nos mostra um exemplo esclarecedor de como as identidades e as tradições são inventadas, forjadas e até ingenuamente legitimadas, que ilustra esse ceticismo. Trata-se de um poema épico finlandês, intitulado Kalevala, publicado no século XIX, a partir do qual se forjava o folclore e a identidade finlandesas. Mesmo depois de os folcloristas, os intelectuais e, claro, o povo, saberem que se tratava de um poema inventado recentemente e não um épico, portanto, um engodo, preferiram acreditar na sua veracidade. Continuaram a considerar Kalevala um lastro imemorial da identidade da Finlândia. É isso, entre a história e o mito há uma tênue fronteira. É preciso levar a sério a História e aprender com ela, não usá-la como figurino da farsa.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

8 % Eu não aguento


O que se observa é a instituição da repressão a organização. Desde o início deste ano, em todos os momentos em que se tentou informar ou reunir os acadêmicos com vistas a garantir sua intervenção na construção da universidade, presenciamos o isolamento imposto pela direção da UNISC aos organismos estudantis. O exemplo mais claro foi não convocar os bolsistas do PROUNI para o encontro realizado em maio deste ano. Embora se tenha solicitado a convocação e a liberação dos estudantes a instituição sequer respondeu.

Presenciamos ainda o fim da interlocução com as entidades estudantis quando da apresentação do projeto de lei das comunitárias no ultimo mês, chamada sem qualquer participação ou convite às entidades, embora estas estejam diretamente envolvidas na construção do PL.

Mas agora se apresenta o porquê de tudo isso: O AUMENTO DE 8% NAS MENSALIDADES.

Índice superior a inflação do período que, em campanha para reitor, foi um dos pilares de diálogo entra a candidatura do Prof. Tomé e a comunidade acadêmica, diz o compromisso no eixo 3 dos compromissos centrais de campanha :

“Reajustar as mensalidades tendo como limite máximo a inflação”

Mas, segundo a reitoria, o cenário mudou.

Mas também a mudança de cenário não seria impedimento para o cumprimento do eixo 3 dos compromissos de campanha segundo palavras do próprio Prof. Tomé, então candidato, durante visita ao DCE.

Já no primeiro ano deste mandato as promessas se configuraram como somente promessas.

Justificam o aumento atrelando a condição ao aumento de bolsas, estranho é que esta previsão também constava da carta aberta à comunidade acadêmica durante a campanha à reitoria.

Pois bem, o que está acontecendo?

A reitoria mudou sua concepção?

Resolveu abertamente condenar a existência de bolsas como expressou a pró reitora de graduação?

Por que o aumento supera os índices de inflação?

Que se rasga o que se escreve já é sabido em um país de descomprometidos, mas como fica a relação quando isto acontece dentro da universidade?

Tanto os estudantes mensalistas quanto os contribuintes que garantem a existência de bolsas pagarão este aumento que é sim superior a inflação do período e como garante a própria reitoria sem melhoramento ou investimento algum nas atividades e estruturas da UNISC.

A decisão se dará na próxima reunião do Conselho Universitário na semana que vem, como vão se comportar os conselheiros, terão eles a mesma postura da reitoria?

Como os estudantes estão durante este ano sendo sistematicamente perseguidos quando da sua organização será que estes entenderão que a reitoria tem a intenção de construir um clima de conflito entre bolsistas e mensalistas para tirar proveito financeiro?

Quem pode nos responder estas questões?


DCE - UNISC

Gestão Movimento Consciente