quarta-feira, 6 de maio de 2009

Não quero choro nem vela


*Rafael de Brito/ Estudante de História UNISC

Não fiquei muito surpreso ao abrir o jornal e dar de cara com uma matéria a respeito do desempenho das escolas públicas da região no ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio). Em entrevista, vejo que a representante da 6ª Coordenadoria de Educação se vê preocupada com a queda nos resultados apresentados. Mas fico me perguntando, caro leitor, se adianta chorar sobre o leite derramado. Ou não seria mais fácil termos evitado esta ‘vergonha’ se acabássemos com os problemas na raiz?
Como ex-aluno de escolas públicas e futuro professor, tenho receio quanto ao futuro do magistério e da educação em nosso país. Acompanhamos dia-a-dia a grave situação do sistema educacional brasileiro. Os problemas não ficam restritos ao Rio Grande do Sul, pois este é um problema nacional, infelizmente. Vamos dar atenção ao nosso Estado, lugar onde seus filhos estudam e no sistema onde serão criados. Queremos sem dúvida que eles tenham uma educação digna, para isso, é necessário sabermos quais são as lacunas que impedem esse processo de melhoramentos nas escolas.
Posso estar usando um clichê, mas um dos mais óbvios problemas é sem dúvida a desvalorização dos professores. A pouco tempo em uma das aulas de Didática, nossa professora passou em sala de aula o vídeo produzido pela Secretaria Estadual de Educação com diretrizes, propostas para o melhoramento do Sistema. Confesso que fiquei feliz com a tentativa e a boa vontade por parte do governo estadual em melhorar a educação nas escolas gaúchas. Ao final do vídeo fiquei pensando se apenas diretrizes e especialistas em educação adiantam para o melhoramento do ensino. De pouco vale todo este “plano de reestruturação” se os professores continuam sendo linchados e destratados pela senhora governadora. Como poderemos ver melhorias se os funcionários estão desqualificados, não por que querem, mas porque se vêm obrigados a isso. Ou um professor compra arroz e feijão para sua família, ou compra livros e materiais para se manter atualizado para seus alunos. Pelo que eu saiba, até então não comemos livros para matar a nossa fome. Também não vamos nos esquecer da situação dos alunos! Como querem expressivas notas em exames nacionais, se muitos deles não têm condições dignas para o aprendizado?Prédios em péssimas condições, ou pior, tendo que estudar em containers como vimos na televisão recentemente ou até mesmo em antigas instalações de uma delegacia.
Agora me vêm com “chorumelas” quanto aos péssimos resultados?Paciência tem limite, nobres responsáveis pela nossa educação. Se tivéssemos decentes condições de ensinar e os alunos de aprender, com certeza os resultados seriam motivo de orgulho para todos. Seriam, se a classe dos professores fosse mais respeitada pelo Estado, com um salário digno, ou pelo menos, sem vetos que abocanham traiçoeiramente os vencimentos daqueles que fizeram greve e reivindicaram melhorias.
Vamos deixar de sermos hipócritas! O problema não está nos professores, nem mesmo na incapacidade dos alunos em tirarem notas boas no ENEM. O verdadeiro problema está no Estado. Garanto que se olharem para o próprio umbigo, verão que os maiores culpados destes tristes resultados são vocês. São suas políticas que não estão gerando resultados. Portanto, não me venha com choro nem vela senhora coordenadora.

2 comentários:

Helena Jungblut disse...

bom, nem preciso comentar né? haha

Unknown disse...

Bem dito seu Rafa! E eu concordo contigo. Ótimo texto!